Photo by Mc Carol (Youtube) |
Durante a madrugada desse domingo (17) Mc Carol compartilhou uma sequência de tweets contando situações de racismo que sofreu durante toda sua vida.
"Esse foi um dos primeiros contatos com o racismo. Na verdade o primeiro foi no PRIMEIRO DIA DE AULA. No primeiro dia eu fui trancada no banheiro por meninas brancas! (Eu já postei sobre isso e eu fui questionada por lembrar disso tão pequena, deve ser pq quando doi muito, marca)" desabafou Carol
Foto compartilhada no perfil de Mc Carol no Twitter. |
"Eu saà de casa feliz com meu avô e quando meu avô foi me buscar, eu pedi socorro, chorando. Cheguei em casa,logo no primeiro dia não querendo nunca mais voltar naquele lugar. Eu sai da creche da comunidade e fui para um colégio que a maioria não era de comunidade não vestiam roupas simples e não tinha mochilas simples, iguais as minhas e, eles me olhavam com nojo, implicavam com tudo, principalmente com minha mochila que as vezes eu usava por 3 anos seguidos e o meu cabelo. Não havia negros naquele colégio, eu era minoria, e os poucos negros que tinham ali, já tinham uma mente racista. Eu pedia todos os dias, desde o primeiro dia, para meu avô me transferir de colégio que tivesse negros, mais o ensino ali era mais forte e ali fiquei até a 5a série, eu sofria preconceitos dos alunos, das professoras e diretoras, sempre quando acabava o ano uma professora me jogava para outra professora. Só umas 5 pessoas me tratavam bem naquele lugar. Especialmente o porteiro seu Antônio, que se metia quando tentavam me bater na saÃda. " Carol continua e volta a falar sobre a situação da foto acima, "Mais vamos falar sobre esse dia da foto, todo undo queria ser a noivinha e o noivinho, da festinha junina, e aà rolou umas perguntas de matemática português e tal, pra ver quem ia ser a niva e o noivo. primeiro foi os meninos, e deu vestido, eu estava muito feliz, até chegar ao colégio e, descobrir que o noivinho não ia aparecer, porque ele queria dançar com outra menina da sala e como eu era única menina negra da turma, eu entendi tudo. Esse do meu lado é meu primo Dennys, eu não dancei, eu estava com vergonha e triste, mais pediram pra tirar foto só pra guardar de lembrança e essa foi a foto."
Além disso tudo tudo, Carol conta que cresceu sofrendo racismo e gordofobia, "mais o racismo sempre foi mais pesado. eu era chamada de macaca e cabelo de bombril quase todos os dias."
Aqui você pode conferir todos os tweets onde Carol conta mais sobre cada situação.
Em 2015 enquanto eu gravava o reality Lucky Ladies eu sofri racismo. Eu estava com uma mulher branca e gringa do lado, a gente tinha que ir de Copa para Ipanema, na porta do prédio tinha taxi, ela entrou no táxi primeiro, eu tive que voltar pra pegar alguma coisa, quando eu fui— MC Carol (@mc_caroloficial) 17 de fevereiro de 2019
Esse desabafo da cantora é um dentre muitos aqui no paÃs de pessoas que sofrem diariamente, mesmo que de forma indireta, discriminação por conta de sua cor, etnia, orientação sexual, por simplesmente ter crenças diferentes que a maioria, por se vestir diferente, ou até simplesmente, por ser mulher. E relatos como esse merecem ser ouvidos e debatidos em ambientes familiares e educacionais, porque o Brasil não é apenas um pedacinho de terra com quadro paredes que cada um de nós chamamos de casa, e sim, uma nação laica e diversificada. Alguns lÃderes religiosos dizem que somos todos iguais perante a figura divina, pensando assim, deixo aqui então uma reflexão: por que os seres humanos nunca aprenderam totalmente a aceitar isso?
Nenhum comentário:
Postar um comentário